OSWALD DE ANDRADE – Mau selvagem
Primorosa biografia de uma das personalidades mais contraditórias da literatura brasileira. Escrito no estilo cinematográfico de Lira Neto e amparado em farto acervo documental, este livro apresenta Oswald de Andrade em sua verve sarcástica, lírica e demolidora.
Neste mergulho radical na trajetória de Oswald de Andrade, Lira Neto explora as muitas contradições da personalidade do polêmico biografado: blasfemo e temente a Deus, burguês e comunista, apaixonado e adúltero. O escritor genial, autor de romances experimentais e poemas revolucionários, exibia comportamento ao mesmo tempo febril e sentimental, amoroso e explosivo. Pensador vigoroso, usava a violência verbal e o sarcasmo como armas contra o conformismo intelectual. Era, acima de tudo, um personagem de si mesmo.
Respaldada em vasta pesquisa em arquivos, incluindo cartas, diários e manuscritos, esta meticulosa biografia, narrada em ritmo eletrizante, revela que Oswald não se restringiu ao papel de ativista do modernismo. Intérprete do Brasil, jornalista combativo, propôs uma crítica feroz ao patriarcado e antecipou premissas do que hoje se costuma definir como decolonialidade. À placidez do “bom selvagem”, contrapôs a ferocidade criativa e carnavalizante. Incompreendido, terminou pobre e quase anônimo. Apenas depois de sua morte o país recuperaria o legado contestador de Oswald de Andrade, fonte para manifestações artísticas futuras, como a Poesia Concreta, o Teatro Oficina e a Tropicália.
LIRA NETO nasceu em Fortaleza, em 1963. Jornalista e escritor, ganhou o prêmio Jabuti em quatro ocasiões. É mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP e doutorando em Discursos: Cultura, História e Sociedade, pela Universidade de Coimbra. Pela Companhia das Letras, publicou Padre Cícero (2009), a trilogia Getúlio (2012-4), Uma história do samba (2017), Maysa, reeditado em 2017, Castello, reeditado em 2019, Arrancados da terra (2021), A arte da biografia (2022) e Oswald de Andrade (2024).
O legado oswaldiano
Em Oswald de Andrade: mau selvagem, Lira Neto acompanha a trajetória e as contradições do escritor modernista desde a infância até a sua agitada vida literária
Filho de coronel, Oswald de Andrade nem sempre esteve próximo dos ideais de liberdade característicos do movimento literário que cofundou no Brasil. Dos rigores enfrentados na infância até a consolidação da obra oswaldiana na cena literária do século 20, Lira Neto narra toda a vida do escritor modernista na biografia Oswald de Andrade: mau selvagem, publicada pela Companhia das Letras.
As revistas O Pirralho e Klaxon, o ensaio Manifesto antropofágico, o romance Marco Zero I. A Revolução Melancólica: o legado de Oswald de Andrade na cultura brasileira abarca a crítica literária, os movimentos artísticos e um extenso volume de publicações. Todas essas e outras aventuras vividas pelo escritor na literatura nacional e internacional são narradas na biografia escrita por Lira Neto.
Ambientando toda a narrativa, o autor detalha os ilustres lugares por onde passou Oswald de Andrade: o escritório na esquina da rua Marconi com a Barão de Itapetininga, os bastidores da redação d’O Pirralho, os encontros nas noites de terça-feira na casa de Mário de Andrade. Na biografia, Neto chega até os últimos suspiros do escritor, quando um infarto fulminante colocou fim na sua vida.
Leia um trecho a seguir:
Trecho de Oswald de Andrade: mau selvagem
Na penúltima edição de 1912, já com Oswald de volta à redação — e ainda às turras com Baby —, O Pirralho anunciou o início da publicação de textos escritos por “uma falange de jovens escritores franceses”. De acordo com o comunicado, a revista passaria a publicar poemas, crônicas, contos e ensaios inéditos, na intenção de atualizar os leitores paulistanos quanto às tendências literárias então em curso na Europa.
Cerca de um mês depois do anúncio, em 25 de janeiro de 1913, na edição especial de sessenta páginas comemorativa ao aniversário da cidade de São Paulo, os primeiros trabalhos da série vieram a público: dois textos, um em prosa, assinado por Gabriel Reuillard; outro em versos, de René Wachtausen, ambos reproduzidos em francês. Os dois autores ainda viriam a escrever, em parceria, peças teatrais de relativo sucesso na França. Mas, à época, eram nomes desconhecidos, em início de carreira. Se alguém indagasse por eles aos frequentadores do Montmartre ou do Montparnasse dificilmente obteria alguma informação detalhada a respeito de ambos.
Reuillard, 27 anos, enviou para Oswald a crônica intitulada “A alma das multidões”, que discorria sobre aspectos da vida noturna parisiense. “A rua é o mais diverso, o mais instrutivo, o mais animado teatro de ação”, dizia um trecho. Wachtausen, 31 anos, autor de dois pequenos volumes de poesia, remeteu a’O Pirralho o poema “Melancolia de uma noite de verão”, que retratava uma criada, à janela, sonhando com um futuro que não fosse o de “lavar sempre a louça/ nem ser intimidada para sempre por madame”.
Nos números seguintes, seguiram-se as contribuições, também em francês, de René Morand, Léon Werth, Louis Nazzi, Marcel Millet e Max Goth, autores então promissores, mas depois quase todos esquecidos. Em comum, aqueles aspirantes a literatos partilhavam os mesmos universos temáticos: a boemia dos teatros, cafés e salões, cenários nos quais se movimentava a fauna mundana da belle époque francesa, incluindo a arraia-miúda de estudantes, dançarinas, músicos, meretrizes, cantores da noite, artistas de rua, pequenos funcionários, operários, trambiqueiros, ladrões, desempregados e desocupados em geral.Imagina-se que Oswald tenha conhecido os integrantes daquele grupo de jovens intelectuais nas perambulações noturnas em Paris, na companhia de Kamiá. A maioria deles eram colaboradores da revista Les Hommes du jour, publicação de orientação anarquista. Alguns deles até pareciam atentos ao clamor inicial das vanguardas que sacudiriam a Europa nos anos seguintes. Outros, nem tanto. No primeiro caso situava-se Léon Werth — a quem, mais tarde, Antoine de Saint-Exupéry irá dedicar O pequeno príncipe.
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Lira Neto retrata Oswald de Andrade como pensador do Brasil
Em entrevista, o biógrafo compartilha detalhes de sua pesquisa sobre o poeta, discute o processo de escrita e reflete sobre a importância do autor na cultura brasileira
Não é mentira dizer que Lira Neto anda sonhando com Oswald de Andrade. Tampouco é de se surpreender. Desde 2020, o vencedor por quatro vezes do Prêmio Jabuti se dedica a pesquisar a vida do autor do Manifesto Antropofágico, motivo pelo qual sua presença tornou-se frequente no Centro de Documentação Cultural Alexandre Eulalio (Cedae), do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp. Especialista em biografar figuras célebres e em trazer à tona pormenores sobre fatos esquecidos no tempo, o escritor, que finaliza o livro Oswald de Andrade – O Mau Selvagem, tem ministrado aulas para estudantes de graduação e pós-graduação do IEL, como professor especialista visitante.
Lira Neto retornou ao Brasil há pouco mais de um ano. Esteve em Portugal, onde concluiu seu doutorado em história, pela Universidade do Porto, e, como visitante do IEL, ministrou uma palestra aberta ao público, integrando o ciclo Biografias, realizado no próprio instituto. O escritor cearense fez a leitura de capítulos inéditos da obra que lançará em outubro, compartilhando, em primeira mão, seu olhar sobre Oswald de Andrade.
Na entrevista a seguir, Lira Neto revela por que decidiu biografar o escritor paulista, cuja vida já havia sido relatada em outros livros.
Jornal da Unicamp – Como surgiu a ideia de biografar Oswald de Andrade?
Lira Neto – Nós já temos duas biografias muito boas sobre Oswald, inclusive uma escrita pela professora Maria Eugênia Boaventura, aqui da Unicamp. Também há o livro da Maria Augusta Fonseca. Porém sempre digo que não existem biografias definitivas. A vida de uma pessoa não cabe em um único livro e pode ser olhada a partir de vários focos e perspectivas. Mais do que isso: uma biografia é sempre as perguntas que o presente faz a esse passado.
Estava morando no exterior e, quando olhamos o Brasil de fora, começamos a fazer algumas perguntas que não fazemos quando estamos no centro do furacão. Uma coisa que me pareceu muito clara foi que meus próximos trabalhos teriam de se concentrar nos grandes intérpretes do Brasil, mas não aqueles de que todos sempre se lembram: queria alguém ligado ao campo da cultura. De imediato, imaginei duas pessoas, um nordestino e um sudestino. Um povoou meu imaginário infantil: Luiz Gonzaga. Para mim, mais que um artista, trata-se de um símbolo de um grande intérprete da alma nacional, uma pessoa que pensou o Brasil. E, porque já moro em São Paulo há um tempo – desde 2001 –, queria alguém daqui. Inevitavelmente me veio a imagem de Oswald de Andrade.
JU – Por que inevitavelmente?
Lira Neto – Primeiro, porque também tenho uma relação antiga com ele. Hoje todo mundo é multimídia, mas, no meu tempo, os jovens tinham a pretensão de ser poeta. Sou da chamada geração da poesia marginal, aquela do mimeógrafo – xeroquei, mimeografei poemas para vender na porta do cinema e do teatro, nos barzinhos. Sou do final dos anos 1970, começo dos 1980, portanto de quando Oswald já tinha sido redescoberto pelos concretistas e depois pelos tropicalistas. Minha geração era um pouco herdeira desses movimentos, e ele era uma espécie de paradigma da poesia que a gente fazia. Poesia sintética, poesia pílula, poesia piada. No entanto, ao lê-lo fora do país, concluí que Oswald de Andrade é mais do que um poeta, um romancista: é outro intérprete, pensador do Brasil.
JU – Em que medida?
Lira Neto – Quando se fala em pensamento decolonial, em matriarcado, em combate ao patriarcalismo, isso tudo está na obra dele. Oswald tinha essa utopia do matriarcado em Pindorama e era um autor profundamente decolonial, no sentido de romper com a nossa influência cultural eurocêntrica e instituir um pensamento nacional – daí eu dizer que ele é um intérprete do Brasil.
E o que é interessante perceber são as contradições desse personagem tão genial. Como biógrafo, eu me interesso exatamente por isso. No caso de Oswald de Andrade, a grande contradição que me fascina é como esse artista tão maravilhoso e extraordinário, esse pensador tão brilhante, seria hoje, na sua vida privada, absolutamente cancelado por ser alguém com um comportamento muito pouco ortodoxo. A todo momento. Esse homem, que era um anarquista em 1922, vira um comunista em 1930 e, depois, um niilista absoluto. E morre alimentando uma utopia do matriarcado, um pensamento nacional.
JU – O que pode nos contar sobre o livro?
Lira Neto – Vou adiantar que já tem título e subtítulo. Vai se chamar, logicamente, Oswald de Andrade, e o subtítulo é: o mau selvagem. Mau com “u”, em oposição ao bom selvagem. Ele é um personagem fascinante. Esse é um livro que está me dando muito trabalho, até por conta dessas delicadezas, de determinadas questões que precisam ser colocadas e estão sendo colocadas. Simplesmente não faço um julgamento moral. Meu trabalho é compreender o homem e suas circunstâncias, o homem dentro do seu tempo, com as limitações do seu tempo. Como um ser humano.
Oswald sempre foi um homem tão viril e explosivo. A vitalidade era sua principal característica. Quem o conheceu contava que seus olhos brilhavam. O Pedro Nava tinha uma descrição maravilhosa sobre ele, dizia: “Como consegue seduzir pela conversa!”. Já o Manuel Bandeira, em uma carta ao Mário de Andrade, escreveu algo que acho fantástico. Depois de mais uma piada de mau gosto do Oswald em relação ao Mário, ele concluiu: “Em relação a Oswald de Andrade, só tem duas saídas. Ou ser mais irônico que ele ou se render a ele”. É esse sujeito que eu quero retratar.
Oswald era um contestador, um homem que brigava pelo que acreditava e, às vezes, brigava pelo que não acreditava, pelo prazer de brigar – e se intrigou com todo mundo. Politicamente incorretíssimo, às vezes defendia pontos de vista nos quais, inclusive, não acreditava, simplesmente para provocar a antipatia ou pelo menos a reação dos outros. E a vida cobra um preço.
Marília, sua filha que mora aqui em Campinas, conta histórias terríveis da infância: o pai tinha de trocar de endereço a todo momento porque não conseguia pagar o aluguel; ou vendia um quadro remanescente da coleção para conseguir o dinheiro para o almoço. Isso mostra como Oswald morreu absolutamente desprezado por todos, brigado com todos. Sozinho e pobre. Justo ele, que vinha de uma família riquíssima, que possuía praticamente metade de São Paulo, os bairros de Pinheiros, Pompeia e Perdizes.
No entanto Marília também compartilha uma história genial. Em 1968, seu irmão disse que iam encenar uma peça do pai, chamada O Rei da Vela, e a chamou para vê-la. Aí Marília falou: “Vou, mas poxa! Vou testemunhar mais uma vez que meu pai é um fracassado”. E foi ao teatro com o irmão. A montagem era aquela feita pelo José Celso Martinez Correia. Quando Marília assistiu à peça – o pai já estava morto fazia 14 anos –, ela disse: “Meu pai é um gênio. Olha o que meu pai fez!”. Ficou fascinada.
JU – Quanto falta para terminar de escrever o livro?
Lira Neto – Estou na parte mais dolorosa de toda a biografia, aquele momento inevitável: a hora em que é preciso matar o personagem. Biografia não tem spoiler, todos sabem que o biografado morre no final. No caso de mortes trágicas, um pouco como é a do próprio Oswald de Andrade, em que ele sofreu muito, o biógrafo também sofre.
É uma hora sempre traumática para o escritor, porque a gente se envolve por anos. Comecei a escrever esse livro há quase quatro anos. Não existe aquela coisa positivista e asséptica de que o sujeito não se mistura com o objeto de pesquisa. Há um envolvimento, pois não se está fazendo uma assepsia de um cadáver. Você compartilha das emoções do seu biografado, das hesitações, das alegrias, das tristezas, dos sonhos, dos medos. Sonho com meus biografados. Se eu não sonhar, há alguma coisa de errado com a pesquisa. Tem de sonhar, ter pesadelos com o personagem.
JU – A data de lançamento do livro tem algum significado especial?
Lira Neto – Sim. Ele morreu em outubro de 1954, portanto o livro será lançado no mês em que sua morte completará 70 anos. Em articulação com outro evento que está sendo produzido e do qual sou consultor, a Ocupação Oswald Andrade, no Itaú Cultural de São Paulo.
Quando falei que estava pesquisando para fazer a biografia de Oswald, muitos a migos me disseram que eu tinha perdido o centenário da Semana de 1922, ao que sempre respondi que isso tinha sido de propósito. Meu desejo foi realmente descolar sua biografia das comemorações do centenário de 1922, porque acredito que ele é muito maior do que isso.
Penso que, como um episódio, a Semana de 1922 talvez tenha tido pouca importância dentro da sua trajetória pessoal. O próprio modernismo, para mim, é um detalhe, um capítulo da biografia. Embora Oswald de Andrade tenha sido muito associado ao modernista que era irreverente – claro que ele foi isso –, sua vida foi muito maior. Inclusive com muitos solavancos e muitas coisas, anteriores e posteriores, bastante relevantes.
JU – Qual a importância do Cedae na pesquisa para este trabalho?
Lira Neto – A parte maior do acervo do Oswald está no Cedae. Trata-se de um arquivo maravilhoso, que tem sido fundamental para o meu trabalho. É claro que precisei buscar outras fontes, afinal uma biografia não se faz com um único arquivo, mas calculo que entre 70% e 80% do livro está sendo concebido dentro do Cedae. Aqui fiz minha pesquisa mais pesada. Há cartas, cadernos em que ele escrevia desde anotações pessoais até seus próprios livros. Até mesmo diários das namoradas – e ele foi um homem de muitas mulheres.
O Cedae foi muito importante para que eu descobrisse, primeiro, a pré-história oswaldiana. Sua infância, a adolescência, a juventude como estudante de direito. Foi interessante pesquisar e encontrar esse período de formação do homem e do escritor, assim como perceber o Oswald de Andrade dos anos 1930, 1940 e princípios dos anos 1950.
JU – Que outras fontes de pesquisa você consultou para o livro?
Lira Neto – Para biografias, pesquiso muito a imprensa da época, portanto a hemeroteca da Biblioteca Nacional é sempre uma fonte fundamental. Também consultei as correspondências que estão no Instituto de Estudos Brasileiros [IEB] da Universidade de São Paulo [USP] e outros arquivos, como o do Olegário Mariano, em Recife, e mais alguns pessoais que estão espalhados Brasil afora. Todos foram absolutamente imprescindíveis para compor esse mosaico. Digo que escrever um texto é recuperar a essência da palavra texto. Texto vem de textura, de tessitura, de fios trançados. Então, escrever uma biografia é pegar vários fios, de várias procedências e várias cores que, aparentemente, isolados, não significam nada. Mas, quando se faz o trançado, quando se estabelece essa tessitura, você constrói uma figura, um painel, uma padronagem. E aí consegue mostrar para as pessoas o que é esse painel.
JU – Do que trata seu curso para os alunos do IEL?
Lira Neto – Primeiro, trabalho o que é escrever sobre a trajetória de outras pessoas. Traço um breve panorama histórico, uma espécie de biografia da biografia, desde a Antiguidade, para que entendam por que por tanto tempo a escrita biográfica foi considerada um gênero menor, quase bastardo, que não teria o rigor ou a relevância de outros estudos historiográficos. Abordo a narrativa como escrita legítima da história, recuperando a capacidade de pensá-la e contá-la, além de escrever sobre ela e analisá-la. Inclusive, resgatando o gênero para estudos acadêmicos.
O segundo momento é sobre como fazer a pesquisa criativa e saber ler documentos muito duros – com os quais invariavelmente o pesquisador se depara – para tirar deles as cores, as texturas, os sabores e os sons de uma época. Depois, trabalho sobre como transformar essa pesquisa, que se propõe criativa, em um texto igualmente criativo. Não como sinônimo de invenção, mas no sentido de seduzir o leitor.
JU – Como está sendo a experiência com os alunos?
Lira Neto – O interessante é que a turma é bastante heterogênea, por ser ministrado [o curso] para o pessoal do mestrado, doutorado e graduação e por haver pessoas de diversas áreas, como jornalismo, história e linguística, que chegam com repertórios e contribuições diferentes. Os níveis de idade também variam, o que enriquece muito a conversa.
Estamos já na fase final do curso. Os alunos estão fazendo um perfil biográfico, de 20 páginas. Tiveram a liberdade de escolher suas personagens, e têm saído coisas muito interessantes. É um pessoal extraordinário.
JU – Você fala em trabalhar a narrativa como escrita legítima da história. Como vê essa questão nos dias atuais?
Lira Neto – Nos centros mais avançados, e aqui incluo a Unicamp, a tensão e a dicotomia que havia entre historiadores, acadêmicos e outros profissionais que escrevem sobre história – como jornalistas e biógrafos – já não fazem sentido. Penso que os jornalistas perceberam que precisam melhorar seus métodos de pesquisa e investigação e ter um rigor maior no trato com a documentação. Por outro lado, os historiadores notaram que precisam se comunicar para além da universidade.
https://jornal.unicamp.br/edicao/708/lira-neto-retrata-oswald-de-andrade-como-pensador-do-brasil/
Detalhes do produto
Editora Companhia das Letras; 1ª edição (11 fevereiro 2025)
Idioma Português
Capa comum :528 páginas
ISBN-10 :853593880X