O Grande Gatsby
Anfitrião das festas mais luxuosas de Nova York, Jay Gatsby é um jovem milionário que encarna o sonho americano dos anos 20. Admirado por todos e conhecido por ninguém, pouco se sabe sobre a origem da fortuna que fez com as próprias mãos.
É através dos olhos de Nick Carraway, seu vizinho e confidente, que nos aproximamos desse misterioso self-made-man, e enxergamos o rastro de poeira imunda deixado pelo glamour e materialismo desenfreados.
Publicado pela primeira vez em 1925 e desde então adaptado diversas vezes para o cinema, esse clássico de F. Scott Fitzgerald capta o espírito de uma época ao mesmo tempo que faz uma crítica contundente e ainda atual à sociedade norte-americana. A nova edição da Antofágica foi traduzida por Rogerio W. Galindo e traz ilustrações de Virgílio Dias, além de textos complementares de Maria Elisa Cevasco, Facundo Guerra e Sergio Rizzo e apresentação de Rita von Hunty.
ARTIGO
O Grande Gatsby – Scott Fitzgerald
Por Maurício Santana Dias, Da Folha de S.Paulo
“O Grande Gatsby” se passa na Long Island dos anos 1920, com jovens belas e exóticas, muito álcool, jazz, elegância, glamour e, pairando sobre tudo, a certeza de que a vida seria uma festa sem fim. Para Jay Gatsby, a voz de Daisy era inesquecível porque “soava a dinheiro”. Romântico e sentimental, de uma beleza melancólica e triste, o livro retrata a recusa da maturidade, a incapacidade de envelhecer e uma obstinação: a de continuarem todos jovens e ricos para sempre.
Síntese
Desde que foi lançada, em 1925, a história de Jay Gatsby tornou-se uma parábola exemplar do sonho americano.
Protótipo do self-made man, Gatsby acumula grande fortuna e se torna figura lendária de uma América próspera, embalada pelo ritmo do jazz, as máquinas de Detroit e o cinema de Hollywood. Sua história de ascensão é narrada a distância por Nick Carraway, um convidado assíduo às suas festas. Carraway logo descobre a infelicidade íntima de seu “herói”, que cultiva um antigo amor, até aquele momento mal resolvido, pela mulher de um milionário.
A atmosfera de euforia e vazio que toma conta de O Grande Gatsby é uma das melhores imagens da geração de F. Scott Fitzgerald (1896-1940), certamente seu melhor intérprete.
Numa enquete feita pela prestigiosa série “Modern Library”, o livro foi considerado o segundo melhor romance de língua inglesa do século 20, atrás apenas do Ulisses de James Joyce.
Há várias versões do livro para o cinema, entre as quais a do diretor Jack Clayton, com roteiro de Francis F. Coppola e Robert Redford no papel-título.
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Scott Fitzgerald publicou em 1925 o romance The Great Gatsby, no qual se propõe fazer um retrato da América do seu tempo, os turbulentos anos 20 (os “roaring twenties”), a idade do jazz (designação criada pelo próprio Fitzgerald) e da aspirina, período de exuberância associado com a dança (o charleston) e a música e a vulgarização do automóvel.
Romance com múltiplas facetas, é, por um lado, a história dos amores frustrados do pobre provinciano Jay Gatsby por uma rica e caprichosa Daisy, da insensibilidade do mundo artificial em que esta se move e do seu extremo materialismo. É, ainda, uma visão desencantada das assimetrias sociais do imediato após-guerra, contrastando com a euforia da vitória: a pobreza de muitos, o enriquecimento repentino e inexplicado de alguns, o emergir do crime organizado, a corrupção. Gatsby, que, pela exibição ruidosa da sua recém-adquirida fortuna, pretende reaproximar-se de Daisy, ao mesmo tempo que manifesta uma ingénua confiança no seu estatuto de novo-rico, empresário e herói da guerra, forja um retrato compósito falso com pregaminhos intelectuais (a falsa frequência de uma universidade inglesa) e o empolamento das suas façanhas bélicas, mas não consegue esconder as suas facetas mais obscuras, a sua ambígua relação com o mundo do crime organizado, a origem pouco transparente da sua fortuna, etc. Acabará vítima de um conjunto de circunstâncias que não controla, vítima da sua própria ingenuidade, mas também da insensibilidade e do calculismo egoísta de outros.
Trata-se de um mundo em que os valores espirituais são menosprezados ou ignorados, onde o interesse pela posse de bens materiais se sobrepõe à fé nos valores da vida e da felicidade espiritual, representados na narrativa pelo jovem Nick Carraway, oriundo de um estado do interior, empregado no mundo emocionalmente estéril da Bolsa, observador impotente dos acontecimentos, que, desgostado com o mundo em que se procurou inserir, regressa ao seu mundo «puro» do Médio Oeste americano, onde, presume e deseja, ainda estão vivos os valores espirituais em que crê.
O “Grande Gatsby” é, no fundo, um comentário ao Sonho Americano na sua formulação ideal, como uma atitude de esperança e fé que se projeta para a conquista dos sonhos e aspirações humanas. Enquanto sátira social, o romance é ainda um comentário à decadência moral da sociedade americana moderna, com a sua corrupção de valores e o declínio da vida espiritual. Fitzgerald vai mais longe, constatando a inevitável falência do Sonho Americano, por um lado porque a realidade se desencontra dos ideais, mas ainda porque estes são demasiado fantásticos para serem atingidos.
As técnicas narrativas empregadas pelo romancista servem para evidenciar o comentário. Por exemplo, Gatsby é associado com a luz, quer natural (a luz e as estrelas), o que serve para acentuar a irrealidade e a fantasia dos seus sonhos, quer artificial (a iluminação feérica das suas estrondosas festas), que representa os meios materiais pelos quais se alimenta a esperança de reconquistar Daisy. Por outro lado, a associação de Daisy com a escuridão ou pelo menos com o crepúsculo revela o seu carácter insensível, se não mesmo sinistro.
A narrativa desenvolve-se em tom irónico, pela justaposição e contraste de caracteres opostos e imagens antagónicas ou pela combinação de elementos trágicos e cómicos, fazendo variar a ironia entre o tom de troça suave e a crítica áspera, passando por comentários em tom grave.
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LEIA MAIS:
https://www.portaldaliteratura.com/livros.php?livro=5078
Capa dura: 368 páginas
Editora: Antofagica Editora
Idioma: Português
ISBN-10: 6586490049
ISBN-13: 978-6586490046