Nexus: Uma breve história das redes de informação, da Idade da Pedra à inteligência artificial

Nexus: Uma breve história das redes de informação, da Idade da Pedra à inteligência artificial

Do autor de Sapiens , esta é a história fascinante de como as redes de informação definiram nosso mundo.

Nos últimos 100 mil anos, nós acumulamos um imenso poder. No entanto, mesmo com todas as nossas descobertas e conquistas, estamos diante de uma crise sem precedentes, com um colapso ambiental iminente e desinformação correndo solta. A chegada da era da inteligência artificial também representa um perigo para nós. Afinal, por que somos tão autodestrutivos apesar de tudo o que conquistamos?
Nexus olha para a nossa história e avalia como o fluxo de informações moldou a nós e o mundo onde vivemos. Em uma narrativa que vai desde a Idade da Pedra e passa pela canonização da Bíblia, pelas primeiras caças às bruxas modernas, pelo stalinismo, pelo nazismo e pelo ressurgimento do populismo hoje, Yuval Noah Harari nos convida a examinar a complexa relação entre informação e verdade, burocracia e mitologia, sabedoria e poder. O autor explora como as várias sociedades e sistemas políticos utilizaram informações para atingir seus objetivos – para o bem e para o mal –, assim como as escolhas que precisamos fazer num momento em que a inteligência não humana ameaça a nossa própria existência.
A informação não é a matéria-prima da verdade, tampouco uma mera arma. Nexus explora o meio-termo esperançoso entre esses extremos e redescobre a humanidade que nos une.

ARTIGO

Yuval Harari põe o dedo na ferida da desinformação

Escritor israelense acaba de lançar “Nexus: uma breve história das redes de informação, da Idade da Pedra à IA”

O escritor israelense Yuval Harari acaba de lançar um novo livro (“Nexus: uma breve história das redes de informação, da Idade da Pedra à Inteligência Artificial”) e, para promovê-lo, concedeu uma série de entrevistas a jornais de todo o mundo. A “Folha de S. Paulo” foi um dos veículos escolhidos e publicou ontem uma conversa com o professor de História da Universidade Hebraica de Jerusalém.

O colóquio entre Harari e a jornalista Patricia Campos Mello concentrou-se em IA, mas um trecho em especial chama a atenção, por explicar perfeitamente o nosso comportamento em plena era digital, em especial a nossa predileção por passar adiante as chamadas fake news.

Este é o trecho:

“Informação não é conhecimento. A maior parte da informação é lixo. Conhecimento é um tipo raro e caro de informação. Por exemplo, é fácil inventar uma fake news atraente – você simplesmente escreve o que quiser. Mas é difícil escrever uma reportagem verdadeira, porque pesquisar e apurar é caro. E a notícia verdadeira que você produz atrairá menos atenção que a fake news, porque a verdadeira tende a ser complicada e as pessoas não gostam de histórias complicadas.

Podemos comparar informação com comida. Há cem anos, a comida era escassa. Então, os humanos comiam qualquer coisa que encontrassem, gostavam especialmente de comida com muita gordura e açúcar. Hoje, a comida é abundante e somos inundados por “junk food”, artificialmente rica em gordura e açúcar. Se as pessoas comem muito lixo, ficam doentes.

O mesmo vale para a informação, que é o alimento da mente. Estamos inundados por muita informação lixo. A informação lixo é artificialmente cheia de ganância, ódio e medo – coisas que atraem nossa atenção. Essa informação lixo deixa nossas mentes e sociedades doentes. Precisamos de uma dieta de informação”.

Vamos explorar um pouco essa metáfora: se alguém se alimentar apenas de “junk food”, caminhará célere para a obesidade e seus efeitos colaterais, como pressão alta, cardiopatia ou diabetes. Talvez, se consumirmos apenas a chamada informação lixo, nossa mente poderá sofrer as consequências de absorver apenas palavras com alto teor de idiotia ou preconceito.

Em um estado de sedentarismo mental, essa pessoa poderá enfrentar os sintomas de uma obesidade dentro de suas ondas cerebrais. Vamos dizer que os músculos do cérebro sejam a inteligência. Sem nenhum treino frequente ou alimentação saudável, as nossas mentes vão entrar em letargia e os sinais de vida inteligente vão escassear.

O que faz nossas mentes treinarem? A leitura e o debate. Mas se ficarmos conversando somente com gente que pensa igual a nós, deixaremos nossos cérebros sedentários. Discutir é chato, argumentar com gente agressiva é pior ainda. Mas precisamos exercitar nossas mentes, através da leitura e do debate. Sem isso, vamos interromper a nossa evolução e colocar a civilização em estado de retrocesso.

FONTE : https://exame.com/colunistas/money-report-aluizio-falcao-filho/yuval-harari-poe-o-dedo-na-ferida-da-desinformacao/

 

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