Buraco de dentro é mais do que uma ficção, é a representação de uma realidade: a das invisibilidades que compõem cenários das grandes cidades. Mostra a quebra de limites humanos que leva uma família – homem, mulher e três crianças – a se esconder por dias num bueiro, abaixo do nível da calçada, tentando sobreviver à fome, sede, ratos e baratas.
O personagem principal, Vítor, narra a sua história em primeira pessoa, com sua linguagem possível. Não permaneceu muito tempo na escola, foi tragado pelas ruas. Filho de catador de lixo, é irmão mais velho de uma legião de crianças que veem a infância barganhada, na fome e na violência. Tem idolatria pelo pai e disputa espaço com a mãe em uma vida sem afeto.
Vítor passa a viver nas ruas e conta sua história em fluxo de consciência. São oito capítulos de “dentros”, de reflexões: Dentro do bueiro, Dentro da minha cabeça, Dentro da escola, Dentro da geladeira, Dentro do inferno, Dentro da rua, Dentro da briga e Dentro da morte.
O ciclo da pobreza, na sua reprodução de misérias, engole, como redemoinho, Vítor, sua mulher e filhos. A rua é mapa de tentativa de sobrevivência, onde tropeçam em buracos de fome, de sede, de assédio, de opressão, de limites.
A vida, neste romance, bruto nas suas desvivências, passa a ser um grande e infinito buraco de dentro. ANA MÁRCIA DIÓGENES
Buraco de dentro – Ana Márcia Diógenes lança ficção que retrata realidade nas ruas das grandes cidades
Buracos de fome, buracos de sede, buracos de assédio, buracos de opressão, buracos de miséria… O livro de ficção da jornalista Ana Márcia Diógenes, “Buraco de dentro”, com lançamento no sábado (9), das 11 horas às 15 horas, no Café Passeio, no Passeio Público, no Centro de Fortaleza, é o retrato de uma dura realidade nas ruas das grandes cidades brasileiras.
Em oito capítulos, o livro conta a história de Vítor, na primeira pessoa, que mora com esposa e dois filhos dentro de um bueiro, além dos limites humanos e na convivência com ratos e baratas.