“Assassinato no Expresso do Oriente”, de Kenneth Branagh (2017)
Há muita coisa para se admirar na carreira do norte-irlandês Kenneth Branagh. O ator, diretor, roteirista e produtor têm várias obras respeitáveis no currículo, como, por exemplo, as adaptações de William Shakespeare para o cinema. Em 2017, Branagh adentra o universo de suspense, crimes e mistério da escritora Agatha Christie transportando para as telonas o famoso “Assassinato no Expresso do Oriente” (“Murder on The Orient Express”), publicado originalmente em 1934, onde é responsável pela direção e interpretação do protagonista, o hábil detetive belga Hercule Poirot. O livro já teve adaptações anteriores, mas agora é apresentado com um elenco repleto de estrelas formado por Daisy Ridley, Penélope Cruz, Johnny Deep, Michele Pfeiffer, Judi Dench, Josh Gad e William Dafoe. Além disso, faz parte de um plano maior de levar mais trabalhos da autora para um novo público. A trama foi modificada levemente pelo roteirista Michael Green, todavia mantêm a essência intacta. Durante uma viagem no expresso do título ocorre um assassinato que logo cai nos braços de Poirot para resolver quando a neve tira o transporte dos trilhos e o impede de ir adiante. Ali, parados e sem auxílio, o detetive parte para a resolução do caso, mas se depara com uma vastidão de dissimulações, mentiras e informações desconexas que o trava na busca rápida pelo culpado, coisa não muito comum na carreira e que o deixa meio transtornado. Com ritmo lento e sincopado, Kenneth Branagh conduz o filme revelando um pouco de cada vez e, para quem não conhece o livro ou não viu as adaptações anteriores, deixa o mistério em alta até o esperado último momento. Esse ritmo cadenciado pode até não agradar espectadores acostumados com filmes a 180 por hora, mas serve perfeitamente a este “Assassinato no Expresso do Oriente”.