George Harrison: O Beatle Relutante
A PRIMEIRA BIOGRAFIA COMPLETA DO BEATLE MAIS INCOMPREENDIDO E MISTERIOSO DE TODOS
“Estar no Fab Four pode ter dado a Harrison fama, riqueza e oportunidades ilimitadas, mas como Philip Norman mostra nesta biografia eletrizante, o fardo que isso colocou sobre seus ombros permaneceu com ele pelo resto da vida.”
Wall Street Journal
Pela primeira vez, o renomado biógrafo Philip Norman traz à tona um retrato raro e revelador de George Harrison, baseado em décadas de pesquisas e acesso incomparável a fontes internas.
Apesar de ser aclamado como um dos melhores guitarristas de sua época, George Harrison, principalmente nas primeiras décadas, lutou contra sentimentos de inferioridade. Ele costumava ser alvo de piadas de seus colegas de banda devido à sua origem de classe baixa e, normalmente, tinha permissão para contribuir com apenas uma ou duas músicas por álbum dos Beatles, das dezenas que escreveu.
Nessa biografia, o autor examina Harrison através das lentes de suas inúmeras autocontradições. Comparado aos gênios da composição John Lennon e Paul McCartney, ele era considerado um talento menor, mas compôs obras-primas como “While My Guitar Gently Weeps” e “Here Comes the Sun”, e seu álbum solo de estreia “All Things Must Pass” alcançou enorme sucesso, aparecendo em muitas listas dos 100 melhores álbuns de rock de todos os tempos. Os críticos de música moderna o colocam no panteão dos deuses da guitarra dos anos 60, ao lado de Eric Clapton, Jimi Hendrix, Keith Richards e Jimmy Page.
Harrison protestou contra o mundo material, mas escreveu a primeira música pop reclamando do imposto de renda. Ele passou anos restaurando amorosamente sua propriedade em Friar Park como uma jornada espiritual, mas rapidamente hipotecou a propriedade para ajudar a resgatar um projeto de filme que seria amplamente proibido como sacrilégio, A Vida de Brian, de Monty Python. Harrison podia ficar com ciúmes ferozes, mas ele não apenas continuou amigo de Eric Clapton quando Clapton se apaixonou pela esposa de Harrison, Pattie Boyd, como os dois homens ficaram ainda mais próximos depois que Clapton foi embora com ela.
De escopo sem precedentes, esta rica biografia captura George Harrison em sua forma mais multifacetada: amigo dedicado, filho leal, mestre guitarrista, compositor brilhante, viciado em cocaína, namorador em série, filantropo global, estudante do misticismo indiano, comediante autodepreciativo e, em última análise, artista icônico e homem amado por milhões.
“Norman criou um retrato confiável de Harrison que deixa você gostando e sentindo simpatia por seu modelo, ao mesmo tempo que está plenamente consciente da irritação… isso nunca esteve longe. Norman é uma espécie de indústria dos Beatles de um homem só.”
The Times London
“Norman captura a criatividade, a humanidade e o grande humor do homem neste tributo perspicaz e adorável.”
Booklist
“Norman conhece o assunto e os tormentos emocionantes que Harrison suportou. Uma biografia perfeita sobre um músico enigmático.”
Kirkus Reviews
“George Harrison não era apenas o Beatle relutante. Com sua energia mágica no violão, voz suave e talento para cantar, ele era certamente o mais subestimado. Aqui, o inimitável cronista do Fab Four, Philip Norman, nos dá o retrato da vida notável de Harrison que só ele pode: dissipar mitos, ricamente detalhado e cheio de humor. A história de como esse jovem, pobre e quieto garoto de Liverpool alcançou o domínio musical e a fama é o triunfo de um herói muitas vezes esquecido – e uma delícia em cada página.”
Ian S. Port, autor de The Birth of Loud
O livro tem publicação ainda em edição limitada trazendo:
Edição especial limitada de colecionador, que acompanha:
1 livro em capa dura com fitilho;
+ 1 mochila-saco em náilon 35cmx40cm, personalizada com estampa da icônica guitarra Rocky Stratocaster;
+ 1 adesivo 6cm redondo;
+ 1 palheta em PVC 1mm Living in the Material World;
+ 1 marcador de página All The Things Must Pass.
RESENHA – FOLHA DE SÃO PAULO
George Harrison oscila entre o místico e o desprezível na biografia ‘O Beatle Relutante’
Autor Philip Norman diz ter buscado redimir obituário negativo que escreveu na época da morte do guitarrista, em 2001
Ivan Finotti
SÃO PAULO
Para o britânico Philip Norman, 81, um dos mais respeitados “beatlelogos” em atividade, escrever a biografia “George Harrison – O Beatle Relutante” foi uma espécie de ajuste de contas consigo mesmo.
O autor se destacou lá em 1981, ao lançar “Shout! – The True Story of the Beatles” (grito! – a verdadeira história dos Beatles), um imediato best-seller que vendeu cerca de 1 milhão de exemplares.
Cerca de 15 biografias se seguiriam na sua obra, como as de Buddy Holly, Elton John, Eric Clapton e dos Rolling Stones. No meio disso, quando Harrison morreu, em 2001, Norman foi convocado pelo jornal The Times a escrever um obituário.
O beatle George Harrison em imagem do início dos anos 70, quando gravou seu primeiro álbum solo, “All Things Must Pass” – Divulgação
O resultado —que tinha “um viés incessantemente negativo, em alguns trechos até insultuoso”, segundo ele próprio— despertou inúmeras reações contrárias, o que o marcou. Nos agradecimentos desta nova biografia, lançada agora no Brasil, Norman diz que “precisa reconhecer um erro grave”.
Pede desculpas pelo artigo e lamenta que ele esteja disponível na internet. “É como um vampiro, você não pode matá-lo”, afirma jornalista à Folha em uma entrevista por vídeo.
“Harrison nunca foi o maior guitarrista, vocalista ou compositor do mundo”, dizia aquele texto, completando que ele havia sido, contudo, essencial para a fórmula do Fab Four.
E quanto ao novo livro? “Eu não sabia o suficiente sobre ele quando escrevi aquele obituário. Não era totalmente falso, mas o momento não era certo para dizer aquelas coisas. Mas muito era de fato verdade.”
“Eu realmente tive que escrever a biografia de John Lennon [2008] e depois a de Paul McCartney[2016] para descobrir sobre George, como ele foi marginalizado por anos pelo enorme talento de Lennon e McCartney, como ele foi realmente muito corajoso. Ele não desistiu. E no final, fez o melhor de suas músicas, tão boas quanto as melhores músicas de Lennon e McCartney. Elas não eram tão numerosas, mas as melhores delas eram como as melhores de John e Paul”, diz.
A boa notícia é que isso não significa que o autor vá tratar Harrison com condescendência agora. Questionado sobre a capacidade do guitarrista de ser detestável —conforme histórias que estão no livro—, Norman não titubeia.
“Muito desagradável e muito, muito mundano também. Apesar de sua espiritualidade, ele era muito mundano. Sua primeira mulher, Patty Boyd, lembra como ele podia mudar de um para o outro em um segundo. Poderia estar girando sua roda de orações em um momento e querendo usar cocaína no outro.”
“Para mim, isso é resumido pela história que aconteceu em um voo longo, quando ele está murmurando algo para si mesmo”, lembra o biógrafo. “Uma comissária de bordo diz: ‘Gostaria do seu almoço agora, senhor Harrison?’ Ele responde: ‘Vá se lascar, não vê que estou meditando?’ Isso é George para mim em poucas palavras.”
Essas histórias, porém, não são o cerne do livro e não se deve esperar uma obra “anti-Harrison”. “Ele é muito mais complexo e interessante do que eu havia percebido”, aponta o autor. “Ele é uma contradição enorme.”
“Harrison podia ser muito charmoso ou nada legal. Podia ser muito nobre, como no show para Bangladesh que organizou, o primeiro tipo real de benefício de estrela do rock para uma instituição de caridade. Mas podia ser muito desprezível. Ele seduziu a esposa de Ringo. Dizem que ele era o Beatle quieto, mas a maioria das pessoas que o conheciam me disse que ele nunca parava de falar. Então, foi a contradição do personagem que me interessou.”
Quanto ao adjetivo que está no título da biografia, “relutante”, Norman diz não se referir a sua atuação como músico, mas como estrela do rock. “Ele era uma pessoa muito reservada e odiava a histeria da Beatlemania. Quando as pessoas não conseguiam ouvir seu solo de guitarra muito bem elaborado —e na América, às vezes ele tentava tocar com duas jovens penduradas em seu pescoço—, ele odiava tudo isso.”
Devido ao obituário do Times, Norman nem tentou ouvir a segunda mulher de Harrison, Olivia Arrias. “Não achei que houvesse esperança de que ela aceitasse.”
Por outro lado, teve bastante contato com a primeira, Patty Boyd, e tinha em seus arquivos o material de pelo menos três livros já lançados sobre os Beatles, sem contar a biografia de Clapton, o melhor amigo de Harrison e que lhe roubou a esposa nos anos 1970.
E Norman não pretende parar por aí. Seu novo objeto de pesquisa é Brian Epstein, o empresário dos Beatles que morreu no auge da banda, em 1967.
“Não há uma biografia adequada de Epstein, que realmente mostre toda a extensão de suas conquistas. Seu efeito na história da música popular foi fenomenal, e é também incrível a maneira como ele se relacionava com os Beatles. Eles eram como seus filhos, mais do que seus clientes.”
RESENHA – ESTADÃO
George Harrison: o beatle relutante, complexo e contraditório, exposto em nova biografia
Em livro, Philip Norman, que já escreveu sobre os outros Beatles, analisa ‘paradoxo’ do guitarrista: ‘Absurdamente famoso e em busca de reconhecimento’
Por Sopan Deb
THE NEW YORK TIMES – Em uma nova biografia, Philip Norman escreve sobre o “paradoxo” de George Harrison, homem que era “extraordinária, absurda e sufocantemente famoso e, ao mesmo tempo, subvalorizado, ignorado e sempre em busca de reconhecimento”.
Esta foi a contradição central que fez de Harrison, compositor de clássicos como ‘Here Comes the Sun’ e ‘Taxman’, uma figura fascinante, tanto como Beatle quanto depois da banda, como Norman explora em seu livro George Harrison: The Reluctant Beatle (ainda sem previsão de lançamento no Brasil). Norman abordou seu mais recente biografado depois de escrever biografias célebres de Paul McCartney e John Lennon, bem como Shout! – The Beatles in Their Generation, livro que Harrison criticou.
Harrison viveu várias vidas diferentes. Era estrela do rock. Seguidor do hinduísmo. Prolífico produtor de cinema que esteve perto da ruína financeira. Namorador que teve um caso com a esposa de um ex-colega de banda e certa vez viveu um duelo de guitarras com Eric Clapton (também tema de uma biografia de Norman) por Pattie Boyd, a primeira esposa de Harrison, de quem Clapton gostava e com quem se casou anos depois.
“A complexidade de seu personagem era algo que não tinha sido notado”, disse Norman, acrescentando: “Escrever sobre esse homem indescritível, sobre esse conjunto de personalidades diferentes, era isso que me fascinava”.
Norman falou sobre sua abordagem de Harrison em uma entrevista recente.
A conversa foi editada por motivos de clareza e extensão.
No livro você expressa arrependimento sobre o obituário que escreveu para George no The Sunday Times.
Foi um momento muito inoportuno. Este foi o problema. Eu não estava totalmente errado quando disse que, às vezes, ele era um saco, como dizemos neste país, e que ele era um namorador em série. Ele era ambas as coisas. Mas não era o momento certo de dizer isso.
Por que George era uma contradição?
George, com seu estilo hippie, criticava o mundo material. E, mesmo assim, foi a primeira pessoa – a primeira estrela pop, pelo menos – a compor uma música reclamando do imposto de renda. Ele conseguia ascender ao auge da nobreza, o que fez com o Concerto para Bangladesh, que foi a primeira das grandes demonstrações de consciência na comunidade do rock. E, mesmo assim, ele também quebrou a primeira lei dos Beatles, que é não dormir com a esposa de outro Beatle, que estava com seu grande amigo na banda, Ringo. E era a primeira esposa de Ringo.
Ele gastou anos e milhões de libras na restauração daquela loucura gótica (Friar Park, a mansão vitoriana de Harrison em Henley-on-Thames, Inglaterra). E, mesmo assim, de um dia pro outro, hipotecou a mansão para financiar o filme dos Monty Python, A Vida de Brian. Ele foi a única pessoa de quem já ouvi falar – e foi sua primeira esposa, Pattie Boyd, quem me contou isso – que ficou muito desagradável depois que aprendeu a meditar.
Você pensou em conversar com a viúva de George, Olivia Harrison, e com o filho do casal, Dhani?
Achei que estava tudo bem depois de tanto tempo desde aquele obituário tão imprudente, porque escrevi sobre ele com muita empatia nos livros de Lennon e McCartney e depois no livro de Clapton. Mas não me dei conta de que as coisas que tinha escrito em 2001 – quando, na verdade, não sabia o suficiente sobre George para escrever um obituário dele – ainda estavam rodando por aí. Era um obituário morto-vivo. Um obituário vampírico. E aí percebi que não fazia sentido pedir para entrevistar os dois, porque não havia como eles dizerem sim.
O documentário ‘Get Back’, de Peter Jackson, mudou sua visão de George?
Na verdade, não, embora eu soubesse de coisas que aconteceram fora das câmeras. Por exemplo: houve uma briga feia durante aquelas sessões que Peter Jackson disse que eram tão calorosas e joviais – uma briga entre George e John, por causa de algo que George tinha dito sobre Yoko Ono. George era muito, muito desagradável quando queria.
Não tem a imagem de George indo embora. Mas ele vai embora e John e Yoko precisam convencê-lo a voltar às sessões.
Fiquei impressionado com George como prolífico produtor de cinema. Por que o cinema o atraía tanto?
Ele sempre gostou muito de filmes. Mesmo na juventude Liverpool. Uma de suas primeiras namoradas firmes, Bernadette, era filha da primeira mulher gerente de cinema em Liverpool, e isso sem dúvida fazia parte da atração. Eles sempre iam ao cinema juntos.
A chamada última música dos Beatles foi lançada no mês passado, com George, Paul e Ringo tocando em cima de uma demo de John Lennon. Pelo seu livro, tenho a impressão de que George não teria aprovado o lançamento.
Você está absolutamente certo, porque foi George quem barrou o lançamento da música na década de 1990, quando outros materiais daquela fita cassete que Yoko tinha dado a McCartney estavam sendo preparados para os álbuns Anthology. George disse que não era bom o suficiente. E, pela primeira vez, foi ouvido. Não deixa de ser irônico que o único som que lembra vagamente os Beatles no meio daquela bagunça total, na minha opinião, seja a guitarra de George.
Este artigo foi originalmente publicado no New York Times.
/ TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU