Ednardo – Papel, Pele & Pulso

Ednardo muito além da música: cantor cearense lança livro no qual conta vida e obra por meio de desenhos, fotos e textos

Publicação será lançada nesta terça (15) e quinta-feira (17) em diferentes espaços de Fortaleza; em entrevista, multiartista celebra projeto e adianta longa-metragem também sobre a própria jornada

Escrito por Diego Barbosa

Poucas coisas na vida são tão bonitas quanto a grandiosidade de um legado. Ednardo não apenas reconhece isso, como o faz com muito prazer. “Tenho consciência de que o trabalho que realizo é eterno”, diz ao pé do telefone. Anos e anos de total mergulho e registro da cultura cearense confirmam o valor de um dos maiores nomes da música popular brasileira.

Minúcias dessa entrega total agora podem ser conferidas na primeira pessoa do singular. É o próprio cantor e compositor quem nos conduz por “Ednardo – Papel, Pele & Pulso”. O livro será lançado nesta terça (15) e quinta-feira (17), respectivamente na Biblioteca Pública Estadual do Ceará e no Iate Clube, às 18h e às 17h.

Trata-se de um denso compilado de histórias, detalhes de bastidores e recordações de vários instantes da vida e da obra do intérprete de “Pavão Mysteriozo”. Em meados de 2020, o projeto nasceu como forma de registrar as mais importantes vivências do artista, da infância à consagração profissional.

O modo como isso é feito impressiona. Revela um Ednardo muito além da música. “A ideia do livro, de registrar vivências de minha vida e carreira, veio também como forma de eu ter um lugar pra colocar meus desenhos e pinturas, que eu realizo desde muito cedo. É uma faceta que não tinha explorado ainda publicamente”, situa.

Além desse componente imagético, há poemas – alguns com teor erótico – crônicas e grande quantidade de fotografias. Ao público, claro, fica o deleite de caminhar por tão vasto panorama construído em 80 anos do que anuncia o título do trabalho: papel, pele e pulso. Para o autor, o exercício de vasculhar a memória foi rico e divertido.

“Não dá pra contar uma vida toda num livro – senão, nesse caso, seria uma coleção de livros. Cada época tem sua importância, seu significado. Logo, contei muita coisa de maneira mais abrangente, sem muitos detalhes; e outras resolvi que seriam bem detalhadas. Está variado. Acho que lembrei daquilo que realmente mereceu estar comigo”.

Um papo dentro do livro

Ednardo não esteve sozinho na empreitada. Luã Diógenes uniu-se a ele, com a responsabilidade da pesquisa e narrativa biográfica. Coordenador editorial do projeto, o jornalista acompanhou e trabalhou na obra da concepção à finalização, compreendendo escrita, pesquisa e organização do texto. Ao todo, foi mais de um ano de dedicação.

Apesar de já ter pesquisado bastante sobre Ednardo, confessa nunca ter pensado em ser convidado para participar da iniciativa. “Trabalhar junto com esse ídolo foi também conhecer outro lado seu, de um operário da arte, incansável, cheio de ideias, com uma cabeça super jovial e inquieta. Ao mesmo tempo, conheci seu bom humor, sua generosidade”.

Segundo Luã, Ednardo sempre buscava ouvir a opinião de todos da equipe antes de dar qualquer veredito sobre os rumos do livro. Um artista “cordato”, conforme referencia, e isso vale ser exaltado. Outros componentes desse espírito generoso de Ednardo ganham fôlego na visão do jornalista. Ednardo, por exemplo, foi o único compositor cearense a focar no Ceará moderno e litorâneo, longe da ideia estereotipada do Nordeste seco e miserável.

“Ele conta e reconta a história do Ceará. Se você for analisar discos como ‘Berro’, de 1976, o compositor fala da Padaria Espiritual, da Confederação do Equador, das derrubadas do Castelo do Plácido, da influência da Bossa Nova na nova música brasileira… Ednardo é genial e pulsante” Luã Diógenes (Jornalista)

Em síntese, embora abordando temáticas que, a priori, falam propriamente do Estado, Ednardo dá um passo a mais: trata de sentimentos e mensagens muito brasileiras e plurais. Ele consegue pegar o detalhe, o mínimo e transformar em obra universal.  Não sem motivo, o renomado professor e pesquisador Gilmar de Carvalho falava que o cantor é um artesão.

“Por isso fizemos esse bordado. Um papo entre a narrativa biográfica e as muitas artes de Ednardo, estabelecendo um diálogo com o leitor interessante e inventivo, grande preocupação do Edna. É forma de mostrar esse grande artista muito além do cancioneiro mais popular”.

Também terá filme

Entre as novidades que Ednardo também revela no papo com o Verso, está a realização de um longa-metragem na mesma toada de “Papel, Pele & Pulso”, a respeito da trajetória do multiartista. A equipe à frente do projeto é de peso: Rosemberg Cariry assume a direção geral, enquanto Petrus Cariry estará na direção de arte.

“O livro, assim, servirá como um caminho básico, um norteio, para essa outra atividade que já iniciamos. O longa-metragem será um misto de documentário e ficção. Aguardem, em breve nos cinemas”, celebra o protagonista.

Não deixa de ser mais uma característica admirável do mestre: a sina por continuar se reinventando. “Ele pensa em arte o tempo todo, em muitas formas de fazer arte. Então pode ter certeza que vêm muitos outros novos trabalhos por aí, sempre falando do Ceará, do Brasil, de seu povo”, adianta Luã Diógenes.

E complementa: “Nesses tempos tão difíceis que estamos vivendo, com tudo tão conturbado, Ednardo reforça que ‘eles são muitos, mas não podem voar’. E nosso compositor ainda tem muitos voos para alcançar”. Ao que Ednardo sentencia: “Quero viver muito, aviso logo. Só tenho 80 anos”.

FONTE : https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/verso/ednardo-muito-alem-da-musica-cantor-cearense-lanca-livro-no-qual-conta-vida-e-obra-por-meio-de-desenhos-fotos-e-textos-1.3640676

Livro sobre vida e obra do multiartista Ednardo é lançado nesta terça-feira (15)

Ednardo, um dos expoentes do “Pessoal do Ceará”, queria um espaço onde pudesse externar também sua verve em mergulhar e produzir em outros campos, como as Artes Visuais, pelas pinturas, desenhos e fotografias; e a Literatura, com suas crônicas, poemas e outras criações

Ezequiel Vieira

Reunindo a história e a arte de um dos maiores músicos do Ceará, o livro “Ednardo – Papel, Pele & Pulso” será lançado nesta terça-feira (15), na Biblioteca Pública Estadual do Ceará (BECE). O equipamento cultural recebe, às 18h, tanto o coautor e coordenador editorial da obra, o jornalista Luã Diógenes, como o próprio cantor Ednardo, para o lançamento oficial. O momento também terá uma conversa sobre a obra. 

 “Ednardo – Papel, Pele & Pulso” começou a ser imaginado pelo compositor ainda em 2020, pensando na ideia de publicar um livro, com uma abordagem intimista, que fosse além de uma publicação biográfica ou fonográfica. Nele, o artista, um dos expoentes do “Pessoal do Ceará”, queria um espaço onde pudesse externar sua verve em mergulhar e produzir em outros campos, como as Artes Visuais, pelas pinturas, desenhos e fotografias; e a Literatura, com suas crônicas, poemas e outras criações.

Para isso, o processo foi divido com o jornalista Luã Diógenes, que mergulhou no trabalho de pesquisa e narrativa biográfica, enquanto Ednardo construiu o tom mais poético do livro, presente em suas artes, muitas delas inéditas. Já o designer Rafael Limaverde foi responsável pela criação gráfica, tudo sob a coordenação geral e produção executiva de Julia Limaverde.

Para Luã Diógenes, a ideia era que a parte narrativa não fosse tão extensa, mas apenas uma forma de introduzir o leitor à vida de Ednardo. O conteúdo apresentado, porém, não poderia aparecer de forma reduzida. O escritor destacou o diálogo entre a escrita biográfica e as artes de Ednardo.

“Ainda está resumido, mas ficou muito amplo a parte da narrativa, mais do que estava no projeto inicial, justamente para o leitor saber mais sobre esse nosso multiartista que faz parte da nossa vida do Ceará […] Então ele é essa união, o leitor ler o material biográfico e de repente ler uma crônica. Vai fazendo esse diálogo, então foi algo muito criativo, algo sempre orquestrado por Ednardo, que aceitou essa sugestão minha, e eu acredito que tá muito convidativo para ao leitor, tem muito material fotográfico também, e o leitor vai poder se deleitar em mais de 200 páginas pela vida desse grande artista”, completou Diógenes.

Conforme o coautor, o livro é uma grande contribuição para o Estado “porque conta a história do Ednardo, mostra o trabalho dele, mas o trabalho dele se confunde com a história do Ceará, com a história do Brasil. Ednardo não morou só no Ceará, mas em vários estados do País. Foi um sucesso e é um sucesso nacional até hoje, é lembrado, é aplaudido em vários locais desse País e do mundo todo”, afirmou o jornalista.

O público pode esperar uma leitura leve, em forma de conversa, em que a narrativa guia quem lê em um mergulho não só literário, mas visual, imersivo, não só redescobrindo a história do artista, mas também a história do próprio Ceará.

“O Ednardo conta muito da nossa história. Ednardo é universal, ele conta um pouco sobre nossos sentimentos. Ele fala de saudade, ele fala de amor, ele fala de paixão, ele fala de audácia, ele é uma cabeça inquieta. Com 80 anos, ele ainda está pensando em fazer muita coisa, é o início dessa nova década da vida dele, com muitos trabalhos pela frente. É um prazer participar de tudo isso”, completou o jornalista.

O segundo lançamento do livro acontece no Iate Clube no dia 17 de abril, data do aniversário do artista, celebrando seus 80 anos de vida. A publicação da obra tem patrocínio da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult CE). 

O MÚSICO

Nascido em Fortaleza, em 17 de abril de 1945, Ednardo viveu na Capital até os 27 anos, antes de se mudar, em 1972, para viver da música. Iniciou seus estudos com o piano clássico, ainda com 6 anos, e, desde cedo, foi conectado com as artes, como Cinema, sua primeira inspiração para suas composições.

Para Ednardo, que perpassa pelas múltiplas formas do fazer artístico, em entrevista exclusiva ao OPINIÃO CE, a “arte é um alimento da alma, do espírito e também do corpo”.

“Uma pessoa que mexe com o modus musical, ou escutando, ou fazendo, ela mexe no universo, inclusive o exterior e o interior, e isso é muito importante. O ser humano é um ser político, essencialmente falando, e artístico, e vivencial, isso é de uma sutileza e clareza ao mesmo tempo, maravilhosa”, afirmou Ednardo.

Nacionalmente conhecido como parte do grupo Pessoal do Ceará, ao lado de outros ícones da música do Estado, como Rodger Rogério, Téti, Amelinha, Belchior, Fagner e Fausto Nilo, ele é autor de composições como Terral, Pavão Mysteriozo, Longarinas, Artigo 26, Beira Mar, A Manga Rosa e Flora, entre as mais de 400 músicas e letras, distribuídas em discos originais e de compilações, trilhas musicais de cinema, teatro, vídeos e especiais de TV

FONTE : https://www.opiniaoce.com.br/com-a-presenca-do-cantor-livro-ednardo-papel-pele-pulso-e-lancado-nesta-terca-feira-15-na-bece/

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