A letra escarlate
Uma história de dor e fragilidade humanas, vivida pela primeira grande heroína da literatura norte-americana
Pecado aos olhos de Deus, crime aos olhos dos homens – assim dita a moral puritana que domina a América do século XVII. Em uma sociedade que policia o corpo das mulheres, o adultério é o pecado capital – e Hester Prynne, ao engravidar de um homem que não é o seu marido, é condenada a uma pena perpétua: levar no peito um grande “A” escarlate como símbolo de sua vergonha.
Neto dos homens que queimaram bruxas nas piras de Salem, Nathaniel Hawthorne escreve um romance que o distancia dessa herança maldita. Sua personagem Hester Prynne é adúltera e profundamente humana – e, diferente de outras adúlteras da literatura, como Emma Bovary e Anna Kariênina, não se deixa consumir pelo sentimento de culpa e humilhação. Trazendo à tona questões essenciais como justiça, condenação, maternidade e poder do próprio corpo, A letra escarlate oferece uma poderosa reflexão sobre a natureza condenatória e hipócrita da sociedade, sobretudo com as mulheres.
A edição da Antofágica conta com tradução de Mariana Serpa, ilustrações de Letícia Lopes, artista indicada ao PIPA 2019 e 2021, e apresentação da escritora e roteirista Renata Corrêa. Regina Urias, doutora em Literatura pela UFSC com pós-doutorado na Universidade de Harvard, traz um panorama da vida e obra de Hawthorne, e Juliana Borges, autora de Encarceramento em massa (2019), escreve sobre a punição historicamente imposta às mulheres. A poeta e professora da UFBA Lívia Natália escreve um ensaio autoral direcionado a Pearl, filha de Hester. O leitor pode ainda escanear o QR code na cinta do livro para acessar a duas videoaulas com Rita Isadora Pessoa, psicanalista e doutora em Literatura Comparada pela UFF, e se aprofundar ainda mais nessa obra consagrada de Nathaniel Hawthorne.