Affonso Romano de Sant`Anna – 80 anos de literatura
Poeta, cronista, intelectual. Três palavras e ainda muito pouco para definir a obra de Affonso Romano de Sant´Anna, escritor sempre preocupado com os problemas e perplexidades do existir . Em Textos Escolhidos dessa edição, um breve passeio por entre textos que no mínimo, lembram que a vida é antes de tudo, a poesia da realidade.
POEMAS/ CRÔNICAS/ VIDA E OBRA
POEMAS
O Duplo
Debaixo de minha mesa
tem sempre um cão faminto
-que me alimenta a tristeza.
Debaixo de minha cama
tem sempre um fantasma vivo
-que perturba quem me ama.
Debaixo de minha pele
alguém me olha esquisito
-pensando que eu sou ele.
Debaixo de minha escrita
há sangue em lugar de tinta
-e alguém calado que grita.
Carta aos Mortos
Amigos, nada mudou
em essência.
Os salários mal dão para os gastos,
as guerras não terminaram
e há vírus novos e terríveis,
embora o avanço da medicina.
Volta e meia um vizinho
tomba morto por questão de amor.
Há filmes interessantes, é verdade,
e como sempre, mulheres portentosas
nos seduzem com suas bocas e pernas,
mas em matéria de amor
não inventamos nenhuma posição nova.
Alguns cosmonautas ficam no espaço
seis meses ou mais, testando a engrenagem
e a solidão.
Em cada olimpíada há récordes previstos
e nos países, avanços e recuos sociais.
Mas nenhum pássaro mudou seu canto
com a modernidade.
Reencenamos as mesmas tragédias gregas,
relemos o Quixote, e a primavera
chega pontualmente cada ano.
Alguns hábitos, rios e florestas
se perderam.
Ninguém mais coloca cadeiras na calçada
ou toma a fresca da tarde,
mas temos máquinas velocíssimas
que nos dispensam de pensar.
Sobre o desaparecimento dos dinossauros
e a formação das galáxias
não avançamos nada.
Roupas vão e voltam com as modas.
Governos fortes caem, outros se levantam,
países se dividem
e as formigas e abelhas continuam
fiéis ao seu trabalho.
Nada mudou em essência.
Cantamos parabéns nas festas,
discutimos futebol na esquina
morremos em estúpidos desastres
e volta e meia
um de nós olha o céu quando estrelado
com o mesmo pasmo das cavernas.
E cada geração , insolente,
continua a achar
que vive no ápice da história.
Fascínio
Casado, continuo a achar as mulheres irresistíveis.
Não deveria, dizem.
Me esforço. Aliás,
já nem me esforço.
Abertamente me ponho a admirá-las.
Não estou traindo ninguém, advirto.
Como pode o amor trair o amor?
Amar o amor num outro amor
é um ritual que, amante, me permito.
Amar a Morte
Amar de peito aberto a morte.
Não de esguelha, de frente.
Amar a morte,
digamos,
despudoradamente.
Amá-la como se ama
uma bela mulher
e inteligente.Amá-la
diariamente
sabendo que por mais
que a amemos
ela se deitará
com uns e outros
indiferente.
Poemas para a Amiga
(Fragmento 1)
“O amor com seus contrários se acrescenta”
Camões
Tu sempre foste una
e sempre foste minha,
ainda quando a cor e a forma tua se fundiam
com outra forma e cor que tu não tinhas.
Por isto é que te falo de umas coisas
que não lembras
nem nunca lembrarias
de tais coisas entre mim e ti
ainda quando tu não me sabias
e dividida em outras te mostravas
e assim dispersa me ouvias.
Tu sempre foste uma
ainda quando o corpo teu
com outro corpo a sós se punha,
pois o que me tinhas a dar
a outro nunca o deste
e nunca o doarias.
Por isto é que te sinto
com tanta intimidade
e te possuo com tanta singeleza
desde quando recém vinda
ostentavas nos teus olhos grande espanto
de quem não compreendia
a antiguidade desse amor que em mim fluía.
Poemas para a Amiga
(Fragmento 2)
Eu sei quando te amo:
é quando com teu corpo eu me confundo,
não apenas nesta mistura de massa e forma,
mas quando na tua alma eu me introduzo
e sinto que meu sangue corre em ti,
e tudo que é teu corpo
não é que um corpo meu
que se alongou de mim.
Eu sei quando te amo:
é quando eu te apalpo e não te sinto,
e sinto que a mim mesmo então me abraço,
a mim
que amo e sou um duplo,
eu mesmo
e o corpo teu pulsando em mim.
Poemas para a Amiga
(Fragmento 3)
É tão natural
que eu te possua
é tão natural que tu me tenhas,
que eu não me compreendo
um tempo houvesse
em que eu não te possuísse
ou possa haver um outro
em que eu não te tomaria.
Venhas como venhas,
é tão natural que a vida
em nossos corpos se conflua,
que eu já não me consinto
que de mim tu te abstenhas
ou que meu corpo te recuse
venhas quando venhas.
E de ser tão natural
que eu me extasie
ao contemplar-te,
e de ser tão natural
que eu te possua,
em mim já não há como extasiar-me
tanto a minha forma
se integrou na forma tua.
Balada dos Casais
Os casais são tão iguais,
por isto se casam
e anunciam nos jornais.
Os casais são tão iguais,
por isto se beijam
fazem filhos, se separam
prometendo
não se casarem jamais.
Os casais são tão iguais,
que além de trocar fraldas,
tirar fotos, acabam se tornando
avós e pais.
Os casais são tão iguais,
que se amam e se insultam
e se matam na realidade
e nos filmes policiais.
Os casais são tão iguais,
que embora jurem um ao outro
amor eterno
sempre querem mais.
Amor e Medo
Estou te amando e não percebo,
porque, certo, tenho medo.
Estou te amando, sim, concedo,
mas te amando tanto
que nem a mim mesmo
revelo este segredo.
Estão Se Adiantando
Eles estão se adiantando, os meus amigos.
Sei que é útil a morte alheia
para quem constrói seu fim.
Mas eles estão indo, apressados,
deixando filhos, obras, amores inacabados
e revoluções por terminar.
Não era isto o combinado.
Alguns se despedem heróicos,
outros serenos.Alguns se rebelam.
O bom seria partir pleno.
O que faço?Ainda agora
um apressou seu desenlaçe.
Sigo sem pressa. A morte
exige trabalho, trabalho lento
como quem nasce.
Reflexivo
O que não escrevi, calou-me.
O que não fiz, partiu-me.
O que não senti, doeu-se.
O que não vivi, morreu-se.
O que adiei, adeu-se.
Despedidas
Começo a olhar as coisas
como quem, se despedindo, se surpreende
com a singularidade
que cada coisa tem
de ser e estar.
Um beija-flor no entardecer desta montanha
a meio metro de mim, tão íntimo,
essas flores às quatro horas da tarde, tão cúmplices,
a umidade da grama na sola dos pés, as estrelas
daqui a pouco, que intimidade tenho com as estrelas
quanto mais habito a noite!
Nada mais é gratuito, tudo é ritual
Começo a amar as coisas
com o desprendimento que só têm
os que amando tudo o que perderam
já não mentem.
Canto e Palavra
Todo homem é vário .
Vário e múltiplo. Eu sou
menos: sou um duplo
e me contento com o que sou.
Fosse meu nome legião,
meu destino talvez fosse
a fossa e o abismo onde
a vara de porcos me emborcou.
Não sou tantos, repito,
sou um duplo
e me contento com o que sou.
2
Sou primeiro o canto
e o que cantou
e só depois – palavra
e o que falou.
Meu corpo testifica este conflito
quando entre palavras e canto
não se perde ou se dissipa,
mas se afirma
e me redime.
O homem primeiro é o canto.
só depois se organiza,
se acrescenta
se articula,
se clareia de palavras
e dissipa o que são brumas.
Se o canto é o eu fluindo,
a palavra é o eu pensado.
na palavra eu sempre guio,
mas no canto eu sou guiado.
O canto é o que atinjo
(ocultamente) sem me oferecer,
e quando, de repente,
eu me descubro
– sem querer.
A palavra, ao contrário,
é o ato claro,
o talho e o atalho
– no objeto,
embora seja como o corpo
um ser concreto
e como o mito
– um ser incerto.
3
Quereis saber
como eu faço
ou de mim como eu quero?
É fácil:
Cultivo em mim os meus contrários
e a síntese dos termos cultivo,
sabendo que o canto é quando
e a palavra é onde ,
e que ela o ultrapassa
mais que o complementa .
E certo que o homem
embora sinta e pense,
cante e fale
seus conflitos nunca vence,
é que eu tranqüilo me exponho,
em fala me traduzo,
em canto me componho:
pois um homem somente se organiza
e completo se apresenta
quando com seus contrários se acrescenta.
4
Difícil é demarcar
o limite, o dia, o instante
em que o homem
de seu canto se destaca.
O limite, o dia, o instante
em que o homem se desfaz
da imponderável música-novelo-e-ovo
e configura-se no gesso,
e do que era um homem-canto
emerge um homem-texto.
Difícil é dizer como e onde,
não o porque,
um dia a gente se observa,
Se admira,
Mais que isto:
um dia o ser do homem todo denuncia:
já não se flui
como fluía,
nem se esvai
como esvaía,
edo organismo informe e vago
emerge a vida organizada.
Nada se perdeu
nem jamais se perderia
neste homem que de novo se formou.
Algo duro nele se passa
e em seu trajeto se passou,
quando indo do canto à palavra
a si mesmo ultrapassou.
CRÔNICAS
Antes que elas cresçam
Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos. É que as crianças crescem. Independentes de nós, como árvores, tagarelas e pássaros estabanados, elas crescem sem pedir licença. Crescem como a inflação, independente do governo e da vontade popular. Entre os estupros dos preços, os disparos dos discursos e o assalto das estações, elas crescem com uma estridência alegre e, às vezes, com alardeada arrogância. Mas não crescem todos os dias, de igual maneira; crescem, de repente. Um dia se assentam perto de você no terraço e dizem uma frase de tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura. Onde e como andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu? Cadê aquele cheirinho de leite sobre a pele? Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços, amiguinhos e o primeiro uniforme do maternal? Ela está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil. E você está agora ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça. Ali estão muitos pais, ao volante, esperando que saiam esfuziantes sobre patins, cabelos soltos sobre as ancas. Essas são as nossas filhas, em pleno cio, lindas potrancas. Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão elas, com o uniforme de sua geração: incômodas mochilas da moda nos ombros ou, então com a suéter amarrada na cintura. Está quente, a gente diz que vão estragar a suéter, mas não tem jeito, é o emblema da geração. Pois ali estamos, depois do primeiro e do segundo casamento, com essa barba de jovem executivo ou intelectual em ascensão, as mães, às vezes, já com a primeira plástica e o casamento recomposto. Essas são as filhas que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias e da ditadura das horas. E elas crescem meio amestradas, vendo como redigimos nossas teses e nos doutoramos nos nossos erros. Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos. Longe já vai o momento em que o primeiro mênstruo foi recebido como um impacto de rosas vermelhas. Não mais as colheremos nas portas das discotecas e festas, quando surgiam entre gírias e canções. Passou o tempo do balé, da cultura francesa e inglesa. Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas. Só nos resta dizer “bonne route, bonne route”, como naquela canção francesa narrando a emoção do pai quando a filha oferece o primeiro jantar no apartamento dela. Deveríamos ter ido mais vezes à cama delas ao anoitecer para ouvir sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio de colagens, posteres e agendas coloridas de pilô. Não, não as levamos suficientemente ao maldito “drive-in”, ao Tablado para ver “Pluft”, não lhes demos suficientes hambúrgueres e cocas, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas merecidas. Elas cresceram sem que esgotássemos nelas todo o nosso afeto. No princípio subiam a serra ou iam à casa de praia entre embrulhos, comidas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscinas e amiguinhas. Sim, havia as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, os pedidos de sorvetes e sanduíches infantis. Depois chegou a idade em que subir para a casa de campo com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma aqui na praia e os primeiros namorados. Esse exílio dos pais, esse divórcio dos filhos, vai durar sete anos bíblicos. Agora é hora de os pais na montanha terem a solidão que queriam, mas, de repente, exalarem contagiosa saudade daquelas pestes. O jeito é esperar. Qualquer hora podem nos dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco. Por isso, os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável afeição. Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto. Por isso, é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que elas cresçam.
O vôo da águia
Já que estamos nesse clima de recomeçar, com a alma limpa para novas coisas, vou iniciar transcrevendo algo que recebi. Havia pensado em outra crônica, coisa tipo “propostas para um novo milênio”, como o fez Ítalo Calvino. Mas às vezes um texto parabólico, elíptico, pode nos dizer mais que outros pretensamente objetivos. Ei-lo:
“A águia é a única ave que chega a viver 70 anos. Mas para isso acontecer, por volta dos 40, ela precisa tomar uma séria e difícil decisão.
Nessa idade, suas unhas estão compridas e flexíveis. Não conseguem mais agarrar as presas das quais se alimenta. Seu bico, alongado e pontiagudo, curva-se. As asas, envelhecidas e pesadas em função da espessura das penas, apontam contra o peito. Voar já é difícil.
Nesse momento crucial de sua vida a águia tem duas alternativas: não fazer nada e morrer, ou enfrentar um dolorido processo de renovação que se estenderá por 150 dias.
A nossa águia decidiu enfrentar o desafio. Ela voa para o alto de uma montanha e recolhe-se em um ninho próximo a um paredão, onde não precisará voar. Aí, ela começa a bater com o bico na rocha até conseguir arrancá-lo. Depois, a águia espera nascer um novo bico, com o qual vai arrancar as velhas unhas. Quando as novas unhas começarem a nascer, ela passa a arrancar as velhas penas. Só após cinco meses ela pode sair para o vôo de renovação e viver mais 30 anos.”
Esse texto foi mandado como um cartão de fim de ano pela Rose Saldiva, da Saldiva Propaganda. Tem mais um parágrafo explicitando, comentando essa parábola e o titulo geral é “Renovação”.
Achei que você ia gostar de tomar conhecimento disto, sobretudo quando janeiro nos inunda com sua luz.
Este texto vale mais que mil ilustrações.
Sei como é difícil uma nova ou surpreendente idéia para cartão de fim de ano. Mas esse, além de bater fortemente em nosso imaginário, dispara em nós uma série de correlações e desdobramentos.
A abertura é seca e forte. Não há uma palavra sobrando. Parece as batidas do destino na Quinta Sinfonia de Beethoven. Releiam. “A águia é a única ave que chega a viver 70 anos. Mas para isso acontecer, por volta dos 40, ela precisa tomar uma séria e difícil decisão.” ·
Já li em algum lugar que Jung dizia que, em torno dos 40, alguma coisa subterrânea começa a ocorrer com a gente e os seres humanos sentem que estão no auge de sua força criativa. É quando podem (ou não) entrar em contato com forças profundas de sua personalidade.
Já ouvi de especialistas em administração de empresas que tem uma hora em que elas começam a crescer e seus dirigentes têm que tomar uma decisão — ou fazem com que cresçam de vez assumindo mais pesados desafios ou, então, fecham, porque ficar estagnado é apenas adiar a morte.
Já mencionei em outras crônicas o personagem Jean Barois (de Roger Martin du Gard) que fez um testamento aos 40 anos, quando achava que estava no auge de sua potência intelectual, temendo que na velhice, carcomido e alquebrado, fizesse outro testamento que negasse tudo aquilo em que acreditava quando jovem. Com efeito, envelhecendo, fez realmente outro testamento que desautorizava e desmentia o anterior. É que sua perspectiva na trajetória da vida mudara, como muda a de um viajante ou a do observador de um fenômeno.
O ano está começando.
Mais grave ainda: um século está se iniciando.
Gravíssimo: mais que um ano, mais que um século, um novo milênio está se inaugurando.
Três vezes Sísifo: o ano, o século, o milênio.
Sísifo — aquele que foi condenado a rolar uma pedra montanha acima, sabendo que quando estivesse quase chegando no topo — cataprum!… a pedra despencaria e ele teria que empurrá-la, de novo, lá para o alto.
Pois bem: “A águia é a única ave que chega a viver 70 anos. Mas para isso acontecer, por volta dos 40 anos, ela precisa tomar uma séria e difícil decisão. Nesta idade suas unhas estão compridas. Não conseguem mais agarrar as presas das quais alimenta. Seu bico, alongado e pontiagudo, curva-se. As asas, envelhecidas e pesadas em função da espessura das penas, apontam contra o peito. Voar já é difícil.” ·
Nossa sociedade pensou ter inventado uma maneira de resolver, nos seres humanos, o drama da águia: a cirurgia plástica. Silicone aqui e acolá, repuxar a pele acolá e aqui, pintar e implantar cabelos. Isto feito, a águia sai flanando pelos salões, praias, telas, ruas, escritórios e passarelas.
Mas aquela outra águia prefere uma solução que veio de dentro. Talvez mais dolorosa. Recolher-se a um paredão, destruir o velho e inútil bico, esperar que outro surja e com ele arrancar as penas, num rito de reiniciação de 150 dias.
Então a águia, digamos, acabou de descasar.
(Tem que redimensionar seu corpo e seus desejos, desmontar casa e sentimentos, realocar objetos e sensações, reassumir filhos.)
Então a águia, digamos, acabou de perder o emprego.
(Tem que descobrir outro trajeto diário, outras aptidões, enfrentar a humilhação.)
Então, a águia,digamos, acabou de mudar de país.
(A crise ou o amor levou-a a outras paragens, tem que reaprender a linguagem de tudo e reinventar sua imagem em outro espelho.)
Então, a águia, digamos, acabou de perder alguém querido.
(É como se uma parte do corpo lhe tivessem sido arrancada, sente que não poderá mais voar como antes, que o azul lhe é inútil.)
Então, a águia, digamos, está numa nova situação em que está sendo desafiada a mostrar sua competência.
(Tem medo do fracasso, acha que não terá garras nem asas para voar mais alto.)
Então, a águia, digamos, andou olhando sua pele, sua resistência física, certos achaques de velhice.
Pois bem. Há que jogar fora o bico velho, arrancar as velhas penas, e recomeçar.
Época de metamorfose.
Os estudiosos da metamorfose dizem que não apenas larvas se transformam em borboletas. Para nosso espanto as próprias pedras passam também por silenciosas metamorfoses.
Enfim, parece que estamos condenados à metamorfose. Morrer várias vezes e várias vezes renascer. Até que, enfim, cheguemos à metamorfose final, onde o que era sonho e carne se converte em pó.
Mas que fique sempre no azul o imponderável vôo da águia.
Amor – O Interminável Aprendizado
Criança, ele pensava: amor, coisa que os adultos sabem. Via-os aos pares namorando nos portões enluarados se entrebuscando numa aflição feliz de mãos na folhagem das anáguas. Via-os noivos se comprometendo à luz da sala ante a família, ante as mobílias; via-os casados, um ancorado no corpo do outro, e pensava: amor, coisa-para-depois, um depois-adulto-aprendizado.
Se enganava.
Se enganava porque o aprendizado de amor não tem começo nem é privilégio aos adultos reservado. Sim, o amor é um interminável aprendizado.
Por isto se enganava enquanto olhava com os colegas, de dentro dos arbustos do jardim, os casais que nos portões se amavam. Sim, se pesquisavam numa prospecção de veios e grutas, num desdobramento de noturnos mapas seguindo o astrolábio dos luares, mas nem por isto se encontravam. E quando algum amante desaparecia ou se afastava, não era porque estava saciado. Isto aprenderia depois. É que fora buscar outro amor, a busca recomeçara, pois a fome de amor não sabia nunca, como ali já não se saciara.
De fato, reparando nos vizinhos, podia observar. Mesmo os casados, atrás da aparente tranqüilidade, continuavam inquietos. Alguns eram mais indiscretos. A vizinha casada deu para namorar. Aquele que era um crente fiel, sempre na igreja, um dia jogou tudo para cima e amigou-se com uma jovem. E a mulher que morava em frente da farmácia, tão doméstica e feliz, de repente fugiu com um boêmio, largando marido e filhos.
Então, constatou, de novo se enganara. Os adultos, mesmo os casados, embora pareçam um porto onde as naus já atracaram, os adultos, mesmo os casados, que parecem arbustos cujas raízes já se entrançaram, eles também não sabem, estão no meio da viagem, e só eles sabem quantas tempestades enfrentaram e quantas vezes naufragaram.
Depois de folhear um, dez, centenas de corpos avulsos tentando o amor verbalizar, entrou numa biblioteca. Ali estavam as grandes paixões. Os poetas e novelistas deveriam saber das coisas. Julietas se debruçavam apunhaladas sobre o corpo morto dos Romeus, Tristãos e Isoldas tomavam o filtro do amor e ficavam condenados à traição daqueles que mais amavam e sem poderem realizar o amor.
O amor se procurava. E se encontrando, desesperava, se afastava, desencontrava.
Então, pensou: há o amor, há o desejo e há a paixão.
O desejo é assim: quer imediata e pronta realização. É indistinto. Por alguém que, de repente, se ilumina nas taças de uma festa, por alguém que de repente dobra a perna de uma maneira irresistivelmente feminina.
Já a paixão é outra coisa. O desejo não é nada pessoal. A paixão é um vendaval. Funde um no outro, é egoísta e, em muitos casos, fatal.
O amor soma desejo e paixão, é a arte das artes, é arte final.
Mas reparou: amor às vezes coincide com a paixão, às vezes não.
Amor às vezes coincide com o desejo, às vezes não.
Amor às vezes coincide com o casamento, às vezes não.
E mais complicado ainda: amor às vezes coincide com o amor, às vezes não.
Absurdo.
Como pode o amor não coincidir consigo mesmo?
Adolescente amava de um jeito. Adulto amava melhormente de outro. Quando viesse a velhice, como amaria finalmente? Há um amor dos vinte, um amor dos cinqüenta e outro dos oitenta? Coisa de demente.
Não era só a estória e as estórias do seu amor. Na história universal do amor, amou-se sempre diferentemente, embora parecesse ser sempre o mesmo amor de antigamente.
Estava sempre perplexo. Olhava para os outros, olhava para si mesmo ensimesmado.
Não havia jeito. O amor era o mesmo e sempre diferenciado.
O amor se aprendia sempre, mas do amor não terminava nunca o aprendizado.
Optou por aceitar a sua ignorância.
Em matéria de amor, escolar, era um repetente conformado.
E na escola do amor declarou-se eternamente matriculado.
VIDA E OBRA
Affonso Romano de Sant’Anna, filho de Capitão da Polícia Militar de Belo Horizonte, Jorge Firmino de Sant’Anna e de D. Maria Romano de Sant’Anna, nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 27 de março de 1937, mas foi criado em Juiz de Fora, a “Manchester” mineira. Vindo de uma infância de menino pobre, pagou seus estudos de primário e ginásio, em Juiz de Fora, carregando marmitas, trouxas de roupas para lavadeiras, vendendo papel e balas no cinema. De bicicleta, vendia seus produtos de armazém em armazém; enquanto esperava ser atendido, lia os livros que conseguia nas bibliotecas do SESI e do SAPS. Filho de pais protestantes, foi criado para a igreja. Aos 17 anos chegou a pregar o evangelho em várias cidades de Minas Gerais. Através desse convívio com os crentes, entrou no universo dos pobres, fazendo culto e pregando em favelas, hospitais e cadeias. Sentado desde pequeno em bancos de igreja ouvindo a Bíblia, os sermões, absorveu uma batida profundamente poética, que acabou entrando em seus textos, dando-lhes um tom bíblico. Cursou a faculdade de Letras de Belo Horizonte e trabalhou em Bancos e em Jornais para custear seus estudos universitários. Em 1956 coordenou movimentos de Vanguarda e no ano seguinte, engajou-se numa experiência diferente, o “Madrigal Renascentista”, onde usou sua bela voz de barítono, regida por Isaac Karabtchevsky. No ano de 1962 lançou seu primeiro livro, o ensaio “O Desemprego da Poesia” colocando nele seu desencanto sobre a atuação do poeta de hoje, que não possui a força dos poetas do século XIX. Nesse ensaio analisou o desencontro do poeta no seu tempo e sua frustração pessoal. O poeta era tido como um ser boêmio, romântico, fora de época. Em 1965, nasceu sua primeira filha, Fabiana. Casou-se em 1971 com Marina Colasanti, escritora e jornalista, sua melhor crítica e também sua inspiradora em diversos poemas. No mesmo ano lança seu primeiro livro de poesias “Canto e Palavra”. Após dois anos lecionando Literatura Brasileira na Universidade da Califórnia, volta ao Brasil,trabalha no Jornal do Brasil e retorna logo depois aos Estados Unidos como bolsista do International Writing Program, na Cidade de Iowa. Apresenta em 1969 sua tese de doutorado “Carlos Drumond de Andrade, o Poeta “Gauche”, no Tempo e Espaço.” que viria a ser publicado em 1972 e que lhe garantiu os quatro prêmios mais importantes no universo literário brasileiro. Nasce em 1972 sua segunda filha, Alessandra. No Rio de Janeiro, lecionou na PUC e na UFRJ. Durante 1973 e 76 dirigiu o Departamento de Letras e Artes da PUC/RJ. Lança seu segundo livro de poesias “Poesia sobre Poesia”. Para a Pós-Graduação em Letras, realizada em 1976 na PUC/RJ, trouxe Conferencistas Internacionais, entre os quais Michel Foucault, sociólogo francês. Houve grande repercussão da visita de Foucault ao país, que se encontrava em pleno regime ditatorial. Em 1977, os Estados Unidos tornam a convocá-lo para lecionar Literatura Brasileira na Universidade do Texas. Em 1978, torna-se professor de Literatura na Universidade de Colônia, na Alemanha. Lança em 1980 o livro de poesias “Que país é este?” , cujo poema título foi publicado com destaque pelo Jornal do Brasil. Em 1981/1982, foi para a França lecionar como professor visitante em Aix-en-Provence. Desde 1984, escreve, no Jornal do Brasil, coluna anteriormente escrita por Carlos Drummond de Andrade. O jornal teve uma iniciativa pioneira e insólita: publicar seus poemas na página de política, e não no suplemento literário. Diversas vezes seus poemas, sempre voltados para a realidade política brasileira, foram publicados em páginas inteiras. Foi um acontecimento sócio literário, de grande repercussão. Essa iniciativa do Jornal do Brasil de publicar seus poemas na página de política, fez com que mudasse seu conceito sobre o próprio emprego do poeta na sociedade. Percebeu mais claramente que a função do poeta está vinculada, primeiramente, ao fato de que ele precisa ter uma linguagem eficiente, ter domínio de todas as técnicas, falar sobre assuntos que interessem às pessoas em geral, sem narcisismo nem subjetivismo, e encontrar um veículo eficiente para projetar o seu trabalho, no caso o jornal. Considera o livro ainda muito elitista, sofisticado, de acesso impossível às camadas mais pobres de nossa sociedade. Saber que seus poemas, como: “A Implosão da Mentira”,”Que país é este?” e “Sobre a atual vergonha de ser Brasileiro” , estavam sendo lidos nas casas, nas praias, nos clubes, por mais de um milhão de pessoas, em muito o gratificou e o ensinou que os poetas têm que re-achar o seu lugar existencial e estético dentro da sociedade. Publica pela Editora Rocco seu primeiro livro de crônica “A Mulher Madura”, em 1986. Em março do ano seguinte participou do Congresso “Les Belles Etrangères”, onde foram reunidos dezenove escritores brasileiros em Paris e no mesmo ano publica com sua esposa a antologia “O Imaginário a Dois”. Em 89 participou do “IV Encontro de Poetas do Mundo Latino”, realizado no México. Em 1990, foi nomeado Presidente da Fundação Biblioteca Nacional, defrontou-se, na prática, com sua própria frase a respeito do país: “Nós estamos muito à frente, mas estamos ainda muito atrás de nós mesmos”. Cronista do jornal “O Globo”, teve também participação em programas na TV Globo onde criou um novo gênero, algo entre a literatura e o jornalismo. Durante a Copa do Mundo, a TV Globo encomendou-lhe dez textos sobre os jogos, que deveriam ser escritos num espaço de duas horas, ligados à imagem e inteligíveis pelo país inteiro. O mesmo aconteceu com relação à Fórmula I. Também, nesse mesmo gênero, escreveria um poema por ocasião da morte do Presidente Tancredo Neves. Na sua opinião, a televisão, ao contrário do que muitos dizem, não veio para acabar com a literatura. É um veículo moderno e eficiente de promoção da literatura. Foi Presidente da Fundação Biblioteca Nacional de 1990 a 1996. Ganhou o Prêmio Especial de Marketing – concedido pela Associação Brasileira de Marketing, pelo trabalho realizado na Biblioteca Nacional. Atualmente escreve colunas aos sábados para o Jornal O Globo aos sábados e domingo no suplemento “Em cultura” do Jornal Estado de Minas.
Poesia (Brasil): “Canto e Palavra”- 1965 – Imprensa Oficial de Minas Gerais “Poesia sobre Poesia”- 1975 – Imago/RJ “A Grande Fala do Índio Guarani”- 1978 – Summus Editorial/SP “Que País é Este?”- 1980 – Civilização Brasileira – 1984 – Rocco/RJ “A Catedral de Colônia e Outros Poemas”- 1987 – Rocco/RJ “A Poesia Possível” (poesia reunida) – 1987 – Rocco/RJ “O Lado Esquerdo do Meu Peito”- 1991 – Rocco/RJ “Epitáfio para o século XX” (antologia) – 1997 – Ediouro/SP “Melhores poemas de Affonso Romano de Sant’Anna – Global/SP “A grande fala e Catedral de Colônia” (ed. comemorativa) -1998 – Rocco, Rio “O intervalo amoroso” (antologia). – 1999 – L&PM/Porto Alegre “Textamentos” – 1999 – Rocco/RJ 1994 – publica Mistérios Gozosos. 2011 – publica Sísifo desce a montanha
Poesia (Exterior): “Antologia de Poesia Brasileira” (org. Jose Valle Figueiredo) – 1970 – Verbo, Portugal. “Antologia de La Poesia Latinoamericana (1950-1970) (org. Stfan Baciu) – 1974 – State University of New York, 1974. “Litérature du Brèsil (Revue Europe)” – 1982 – Paris, França. “Beispilsweise Koln-Ein Lesebuch herausgegeben von H. Grohler” – G. E. Hoffman, H. J. Tummers, Lamuv Verlag, Alemanha, 1984. “Translation: The Journal of literary Translation” – 1984 – Spring Columbia Univ. “Lianu Liepsna (Brazily naujosios poezijos antologija)” (Antologia de poesia brasileira em lituano) – 1985 – Org. Povilas Gaucys, Chicago. “South Easser Latin americanisis” – 1985 – Univ. Miami “A posse da terra (escritor brasileiro hoje)” (org. Cremilda Medina) – 1985 – Imp. Nacional/Casa da Moeda/Sec. Cultura, SP. “Antologia da poesia brasileira” (org. Carlos Nejar) – 1986 – Imp. Nacional/Casa da Moeda, Portugal. “Brazilian literature” – 1986 – Special Issue. Latin American Literary Review, Univ. Pittsburgh. “Anthologie de la nouvelle poèsie brèsilienne” (org. Serge Borjea) – 1988 – Harmatan, Paris. “Okolice (miesiecznick spoleczno-literacki)” – 1992 – Marzec, Polônia “Epitáfio para el siglo XX” – 1994 – Fundarte – Caracas, Venezuela “Antologia da Poesia Brasileira” – 1994 – China, Emb. do Brasil – Pequim “Liberté/Brasil Lirtéraire” – 1994 – Montreal, Canadá “Das Gediche (Zeitschrife fur lyrik, Essay und Kritik)” – 1995 – AGHL, Alemanha. “Vision de la poesia brasileña” (org. Thiago de Mello) – 1996 – Instituto Libro Santiago, Chile. “Tierra de Nadie” (antologia de nueve poetas latinoamericanos) – 1996 – Ed. Una, Costa Rica. “Neue lateinamrikanishee poesial” – Nueva Poesía America Latina. Rowohir Literatur Magazin, 38, Hamburg, 1996. “Review: Latin American Literature and Arts” – 1996 – America Societe, New York, USA. “Poeti brasiliani contemporanei” – 1997 – Silvio Castro. Centro Internazionale della Grafica di Venezia. Univ. Padora, Itália. “Affonso Romano de Sant’ Anna & Carlos Nejar: deux poètes brésiliens contemporains” (org Regina Machado) – 2000 – La Sape, Centre Nationnale de Lettres, Paris.
Antologias de Poesia (Brasil): “4 poetas” – 1960 – Universitária, Belo Horizonte “Violão de rua I” – 1962 – Civilização Brasileira “Violão de rua II” – 1963 – Civilização Brasileira “Violão de rua III” – 1963 – Civilização Brasileira “Poesia da fase moderna” (org. Manuel Bandeira e Walmyr Ayala) – 1966 – Ediouro “Poesia viva” (org. Moacyr Felix) – 1968 – Civilização Brasileira “Poesia contemporânea” (org. Henrique Alves) – 1985 – Roswitha Kampf – SP “Carne viva” (org. Olga Savary) – 1984 – Anima/RJ “O Imaginário a Dois “- 1987 – Artetexto/RJ (com Marina Colasanti) “Sincretismo: a poesia da Geração 60” (org. Pedro Lyra) – 1995 – Topbooks “Poesia contemporânea, cadernos de poesia brasileira” – 1997 – Cadenos de Poesia Brasileira. Inst. Cultural Itaú, SP “Baú de Letras” (antologia poética de Juiz de Fora) – 2000 – Funalfa, Juiz de Fora “Os cem melhores poetas brasileiros do século” (org. José Nêumanne Pinto) – 2001 – Geração Editorial,SP
Crônicas: “A Mulher Madura”- 1986 – Rocco/RJ “O Homem que Conheceu o Amor”- 1988 – Rocco/RJ “A Raiz Quadrada do Absurdo”- 1989 – Rocco/RJ “De Que Ri a Mona Lisa?”- 1991 – Rocco/RJ “Mistérios Gozosos”- 1994 – Rocco/RJ “A vida por viver” – 1997 – Rocco/RJ “Porta de Colégio” (antologia) – 1995 – Ática/SP “Nós os que matamos Tim Lopes” – 2002 – Expressão e Cultura “Pequenas seduções” – 2002 – Sulina “Que presente te dar” – 2002 – Expressão e Cultura “Antes que elas cresçam” – 2003 -Landmark “Os homens amam a guerra” – 2003 – Francisco Alves “Que fazer de Ezra Pound” 2003 – Imago
Ensaios: “O Desemprego da Poesia”- 1962 – Imprensa Universitária de Minas Gerais “Drummond, o “gauche” no tempo” – Record/Rio – 1990 “Política e Paixão”- 1984 – Rocco/RJ “Análise Estrutural de Romances Brasileiros” – 1989 – Ática/Petrópolis “Por um novo Conceito de Literatura Brasileira”- 1977 – Eldorado/RJ “Música Popular e Moderna Poesia Brasileira” – 1997 – Vozes/Petrópolis “Emeric Marcier “- 1993 – Pinakothec/RJ “O Canibalismo Amoroso”- Rocco/RJ – 1990 “Paródia Paráfrase & Cia.”- 1985 – Ática/SP “Como se Faz Literatura “- 1985 – Vozes /Petrópolis “Agosto 1991: Estávamos em Moscou”- 1991 – Melhoramentos/SP (com Marina Colasanti) “O que aprendemos até agora?” – Edutifia, São Luís, Maranhão (1984). Ed. Universidade de Santa Catarina – SC, 1994 “Barroco, alma do Brasil.” – 1997 – Comunicação Máxima/Bradesco, RJ Reeditado em inglês, francês e espanhol , 1998 A sedução da palavra(ensaio e crônicas). Letraviva. Brasili, 2000 Barroco, do quadrado à elipse. Rocco,Rio, 2000 Desconstruir Duchamp, Vieira e Lenti Casa Editorial, 2003
Prosa e Ensaios (participações): O livro do seminário (1ª. Bienal Nestlé de Literatura), 1982 Crônicas mineiras. Ática, 1984 A paixão segundo G.H. – Clarice Lispector (textos críticos). Co. Arquivos, Unesco, 1988 Tv ao vivo. Brasiliense, 1988 Homenagem a Manuel Bandeira, UFF/ Presença, Rio, 1989 Palavra de poeta. Denira do Rosário. José Olympio, Rio, 1989 Auto-retratos.Giovani Ricciardi, Martins Fontes, São Paulo, 1991 Drummond (arte em exposição). Salamandra, Rio, 1990 Minas liberdade. Secretaria de Cultura de Minas Gerais, 1992 O amor natural. Carlos Drummond de Andrade (prefácio), Record. Rio, 1992. Cartas de Mário de Andrade. Nova. Fronteira, Rio, 1993 Hélio Pelegrino. A-deus. Vozes, Petrópolis, 1990 131 posições sexuais (o sexo visto por 131 personalidades) Org./ Lu Lacerda Tiradentes, teu nome é liberdade, Máxima Comunicação, Rio, 1992 O livro ao vivo. Centro Cultural Cândido Mendes, Rio, 1995 Crônicas de amor. Ceres, SP, sem data Brasil e Portugal: 500 anos de enlaces e desenlaces – volume 01 – (org. Gilda Santos). Real Gabinete Português de Leitura, Ano 2000, Rio Para entender o Brasil.(org. Marisa Sobral Luiz Antonio Aguiar), Alegro, São Paulo,2000 Brasil e Portugal 500 anos de enlaces e desenlaces, volume 02 – Real Gabinete Português de Leitura, 2001,Rio
Prosas e Ensaios (participações no exterior): Confluences littéraires(Bresil-Quebec). Les bases d”une compairaison.Les Editions Balzac,Montreal, 1992 Les riques du métier. L’Exagone.Quebec. Montreal. Canadá, 1990 Cuentos Brasileños. Andres Bello, Chile, 1994 O Brasil no limitar do sec. XXI. Frankfurt am Main,TFM, Frankfurt, 1996 Libraries, social inequalities and the challenge of the twenty first century.Dedadus(Journal of the American Academy of Arts ans Sciences,Fall 1996). Tropical Paths: essay on modern brazilian literature (Org. Randal Jonhson) Ed.Garland, N. York/London, 1993 Brésil, poèsie du corpos. M. Leroy-Patay- M.E. Malheiros Poulet, La taillanderie, Lyon, 2000 “Lusofonia, mentiras e realidade” in “Veredas (Revista da Associação Internacional de Lusitanistas), Fundação Eng. Antonio de Almeida, Porto, 2000
Multimídia: Cds: Affonso Romano de Sant’Anna por Tônia Carrero. Luzdacidade. Niterói, 1998. Crônicas escolhidas (com participação de Paulo Autran). Luzdacidade, Niterói, 1999. “O escritor por ele mesmo” Instituto Moreira Salles, 2001.
Prêmios Literários: “Prêmio Mário de Andrade” – Com o livro “Drummond, o gauche no tempo.” “Prêmio Fundação Cultural do Distrito Federal” – Com o livro “Drummond, o gauche no tempo.” “Prêmio União Brasileira de Escritores” – Com o livro “Drummond, o gauche no tempo.” “Prêmio Pen-Clube” – Com o livro “O canibalismo amoroso” “Prêmio União Brasileira de Escritores” – Com o livro “Mistérios Gozosos” “Prêmio APCA-Associação Paulista de Críticos de Arte”, pelo conjunto de obra